- Ano: 2013
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Fotografias:Ben McMillan
Descrição enviada pela equipe de projeto. A extensão urbana de Jinzhou, uma cidade de três milhões de habitantes, localizada a menos de 500 quilômetros a nordeste de Pequim, foi articulada pela criação de um novo grande parque público de 176 Ha em uma área aterrada junto ao mar. Durante a primeira fase, o parque abriga a Exposição Mundial de Arte de Paisagem de 2013 e uma vez que a Expo se encerra, a área vai se tornar o parque central de um novo desenvolvimento urbano.
20 projetistas internacionais foram contratados para projetar 20 projetos dentro de um perímetro circular comparável em diferentes locais do parqu, ligando o programa e a identidade dos projetos à bagagem e formação cultural dos designers.
O projeto da expo é baseado no paradoxo de que a globalização, embora tipicamente seja associada com a destruição da identidade cultural local, também pode ser capaz de gerar uma espécie de identidade. O projeto do Parque Mosaico vai além disso e tem como objetivo criar uma ligação entre os cidadãos e o lugar, dando um significado mais amplo para o local.
O projeto faz experimentos com o conceito de hibridização cultural, que é um fenômeno desenvolvido durante muitos séculos de intercâmbio comercial e cultural entre o Ocidente e o Oriente.
Por um lado, o uso de peças de cerâmica quebradas locais de cores diferentes para a materialização do pavimento e dos bancos do parque e para as fachadas do museu evoca a tradição de mosaico que foi difundida por toda a Europa pelo Império Romano e que evoluiu ao longo da história até os dias de hoje trazendo soluções técnicas, tais como a técnica trecandís usada pelos arquitetos modernistas catalães.
Por outro lado, a geometria do parque é inspirada no esmalte craquelado da porcelana chinesa desenvolvida a partir do século 10, durante a dinastia Song nas peças de cerâmica Ru Ware e Ge Ware. O Parque Mosaico e o Museu da Cerâmica lembram os cidadãos que a região de Jinzhou já foi em um período, uma área de produção de cerâmica e porcelana, embora essa tradição fora perdida por séculos, estando hoje esquecida.
Paisagem Híbrida: mistura de arquitetura e paisagem
O projeto representa o paradigma do parque urbano contemporâneo, que não é nem um fragmento da paisagem natural, nem um pedaço paisagístico da cidade, mas a mistura de ambos. O Parque Mosaico apresenta um caráter híbrido que combina arquitetura com a paisagem e a natureza com artifício.
A geometria irregular do parque é espacialmente desdobrada em uma topografia tridimensional com rachaduras, onde paisagem e arquitetura se fundem em uma superfície contínua formada por 884 planos irregulares.
Além disso, esta geometria é incorporada como um mosaico policromático formado pela combinação de flores de quatro espécies e cores diferentes com mosaicos criados com pedaços de cerâmica chinesa local. Flores e mistura de cerâmica em um mosaico colorido que traz a natureza e artesanato local juntos.
A geometria do edifício do Museu da Cerâmica é concebida como uma extensão da geometria rachada do parque, e ela se materializa com os mesmos azulejos utilizados para o pavimento do parque, que são combinados na fachada do edifício com aberturas envidraçadas também seguindo padrões irregulares.
O mosaico policromático formado por superfícies vegetais e cerâmica fornecem unidade geométrica e visual para o projeto evitando a separação habitual entre hardscape e softscape. Paisagem e arquitetura, o Parque Mosaico e o Museu da Cerâmica, se fundem em um único trabalho, ao mesmo tempo multifacetado e surpreendente, caracterizado pelo seu caráter híbrido e forte conteúdo plástico.
Ativador de Vida Pública
O parque e museu como ativadores da vida pública de duas maneiras.
Por um lado, o Parque Mosaico pretende ativar o uso do espaço público. A natureza icônica do projeto serve como uma atração que convida os visitantes a desfrutar de uma experiência multi-sensorial. Os diferentes elementos do parque foram dimensionados de acordo com a escala humana para oferecer espaços confortáveis para caminhar, sentar e brincar. O parque também foi equipado com bancos longos para criar lugares informais para reuniões espontâneas entre os cidadãos.
Por outro lado, as funções do Museu da Cerâmica como um ativador da vida cultural e social de Jinzhou, tentando despertar a curiosidade do visitante sobre o passado do lugar, transmitindo uma tradição perdida, e, finalmente, a criação de um programa de exposições e eventos públicos como um novo ponto de encontro para os cidadãos.
Plataforma Social
O Museu da Cerâmica é concebido como uma estrutura aberta, onde o programa evolui ao longo do tempo, oferecendo uma nova plataforma social para mostrar o trabalho de artistas locais, designers e artesãos que trabalham e experimentam com a tradição da cerâmica e porcelana.
Tem a intenção de despertar o interesse dos cidadãos sobre as suas tradições, mas de maneira mais importante, visa promover a indústria criativa local e um design contemporâneo com a construção de um espaço emblemático e moderno para exposição, divulgação e venda de artesanato local.
Em última análise, o Museu da Cerâmica tem como objetivo não só energizar o uso público do parque, mas também a economia local e a vida cultural da cidade, a fim de alcançar um impacto social mais amplo, para além do seu propósito primordial de lazer.